quarta-feira, maio 10, 2006

O dia em que o Mundo parou

Amélia era uma garota romântica, educada, delicada e estudiosa, enfim, só escolhi esse nome pra fazer aquele péssimo trocadilho e dizer que "Amélia não tinha a menor vaidade, Amélia que era mulher de verdade e. . . bom, chega dessa porra. Como todas as outras mulheres, ela ainda esperava o príncipe encantado que iria encontrá-la no seu (dele, seu cavalo!) cavalo branco e beijá-la-ia e viveriam felizes até que ela ficasse gorda, chata e começasse a implicar com a cerveja e o futebol nos finais de semana, além da toalha molhada em cima da cama e a tampa do vaso levantada, mas isso é outra história. Amélia esperou, esperou, esperou, sentada, deitada, esperou, esperou e esperou, agora fala rápido: peroz, peroz, peroz. Viu? A pronúncia não é a mesma? É. . . nessa eu me superei, voltemos a Amélia. Cansada de tanto esperar na frente da TV assistindo a novela das oito e engordando, resolveu sair à procura da sua alma gêmea, da outra metade da laranja, da cara-metade, resumindo, de um idiota para casar com ela. Mas as coisas não eram tão fáceis como imaginara. Conheceu vários homens e percebeu que todos só queriam a mesma coisa: sexo. Mesmo assim, continuou tentando. Depois de ouvir de muitos deles, quando iam discutir a relação a seguinte frase: senta, analisa e pensa, decidiu desistir da busca e fazer valer o ditado: "se não pode com o inimigo, junte se a ele."Não! Ela não virou sapatão. Enfiou a cabeça, digo, colocou na cabeça que se era sexo que eles queriam, era sexo o que teriam. E conheceu vários homens, com os quais mantinha relações descompromissadas, apenas sexo, como planejara. E viu que isso era bom. Viu que isso a livrou de toda aquela história de desconfianças, de ciúmes, explicações sobre batom na cueca ou perfume de mulher, desculpas envolvendo um sequestro alienígena e todas as estaparfudias conversas inventadas pelo compromisso. Contou o fato as amigas que desejaram experimentar essa nova concepção. Passado o período experimental, reuniram-se para discutir a conclusão de cada uma. E todas tinham o mesmo resultado: era bom, na verdade, muito bom. Criaram uma espécie de clube, que a cada dia recebia mais e mais adeptas ao estilo neowomanpansexualultragainstman, e uma das principais regras do clube, era a mesma usada pela mulheres de vida fácil, que de fácil não tem nada, não se envolver sentimentalmente. E como numa epidemia, isso deixou de ser restrito às mulheres da irmandade, aderindo todas as mulheres do mundo. Nenhuma delas queira saber de amor, paixão, romance. Apenas sexo, só o contato entre gêneros diferentes. Aos poucos, as empresas relacionadas ao fomento do amor, foram desaparecendo. Primeiro as floriculturas, depois os serviços de mensagens (quem dera!), as lojas de presentes. Estendendo-se aos programas de televisão, cinema, telenovelas. Até que o homem se deu conta de que não precisava mais azarar, paquerar, fazer jogos, enfim, descobriu que elas pensavam tão ou mais simplesmente do que eles, se estavam interessados em alguém , não seria necessário todas aquelas difíceis etapas, homens e mulheres queimavam etapas e partiam direto ao objetivo final contido no instinto humano e tão hipócritamente escondido pela sociedade. E os homens, percebendo a situação, deram-se conta da inutilidade do trabalho sem os fins alimentares. E se perguntavam: Para quê ter um carro, casa, dinheiro, roupas e status, se elas só querem prazer e nos dar um pé na bunda quando enjoarem? As consequências foram escatológicas, ou melhor, catastróficas. O homem quase voltou ao período feudal, a agricultura de subsistência passou a ser cotidiano do homem, como engenheiros, advogados, médicos, ginecologistas, presidentes. O caos estava instaurado. As economias foram se desfazendo. Os chefes de estado que tinham bombas nucleares para sentir o poder entre as pernas, não careciam mais delas. Em todo o lugar era possível ver milhares de Homo futeboles e Homo alcooles se embriagando, jogando futebol, brigando. Mas a situação extremou-se quando a bebida foi acabando, os homens não queriam saber de trabalho e sem trabalho não havia produção de bebidas. Sem bebidas, televisão e com a libertinagem aflorada, a população teve seu crescimento assustadoramente acelerado; orgias, bacanais, doenças, tudo se encaminhava para destruição da humanidade, com exceção das orgias e bacanais, que isso fique bem claro. Então, Amélia compreendeu a dimensão que as coisas chegaram, reuniu as fundadoras e principais colaboradoras responsáveis pelo início daquele que era apenas um clube e tomou uma decisão: era preciso fazer as mulheres voltarem a pensar em casamento, amor , paixão, romance. Organizou um grande encontro para defender sua idéias contrárias ao que tinha proposto. Todas vieram ouvi-la, visto que, era considerada um marco da transformação contemporânea pós-modernista atualmente dos tempos atuais dos dias de hoje. Mas, para sua surpresa, nenhuma daquelas mulheres que se encontravam ali na sua frente, pretendiam retomar pensamentos ultrapassados. Todas se uniram contra o seu agora antigo símbolo: Amélia. Prenderam-na, cortaram-lhe o cabaço, digo, a cabeça. Enviaram pedaços do seu corpo aos quatros cantos do mundo, não sei como, se o mundo é redondo, mas o que importa é que mandaram como forma de aviso a qualquer opositor da nova era global. E assim, o mundo parou e a humanidade desapareceu por causa das guerras por bebidas, brigas no campo de futebol e doenças, exatamente três dias após Amélia contar as suas amigas a sua falsa e presunçosa descoberta.

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Engraçado como teus textos se parecem com a vida, não!?!

Mas, se tem a ver, prefiro ficar calado, pq prometi q não ia mais falar nada a respeito.

Enfim...

Amélia fudeu e se fudeu!?!

E outra:

Não era melhor ela ter comido quieta e sem dar bandeira pras amigas?

Tenho certeza de q ela lucraria mais...

Mas, nãããããããoooo: ela tinha q querer aparecer!!!

E outra mais:

Não parece surreal q homens briguem mais por bebidas e futebol do q por mulheres?

3:01 AM  
Blogger ninguem disse...

Este é um texto totalmente fictício, qualquer semelhança como nomens e fatos terá sido mera coincidência. Aliás, não conheço ninguem com história parecida.


Agora respondendo a tua pergunta: é uma história surreal,mas tu já parou pra pensar, que num mundo onde as mulheres pensariam como 99.99% dos homens, seria desnecessário brigar pelas mulheres?

7:57 AM  
Anonymous Anônimo disse...

quem briga por mulher?

1:46 PM  
Blogger Lua disse...

xiiiii... pena da Amelia.

3:27 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Pelo menos ela era de verdade pow...

Não tinha silicone nem tinta loiro acobreado nos cabelos!!!

Por Amélia eu brigava!

auhauahuahuahuhauhauahuahuahuh

11:20 PM  
Blogger ninguem disse...

eu, ora quem: como eu disse, esse é um texto fictício, já existia na minha mente há muito tempo, antes mesmo de inventarem o loiro acobreado.ahuhauhauhuahua

Lua: não tenha pena da Amélia, ela até teve um bom final, se comparado ao que ela teria que ver se continuasse viva.


Menina: Exatamente isso, homens e mulheres sendo guiados apenas pelo instinto. Aliás, não se trata apenas do amor, mas... bom, depois eu te explico.
Me manda um email ou me liga, ou ainda, liga q eu retorno.:)

8:02 AM  

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